A moldura dos teus olhos
A moldura dos teus olhos
Já não vivo na moldura dos teus olhos
Nem nas sombras das pestanas aos folhos
Aquelas horas longas insanas que te dediquei
Diz-me então, onde estão que afinal já nem sei?
Tanto tempo que te dei e nada recebi
Foram bolas de sabão com aroma de ti
Soltas e leves suspensas na poeira da ilusão
De quem vive dias alegres com a mão no coração
Fui apenas uma tela branca que nunca pintaste
Um livro de poemas que nem sequer o desfolhaste
Mas se o céu à noite é uma janela de estrelas
Porque razão eu só queria a poesia daquelas?
E cá estou eu numa confissão sem perdão, enfim
Para que ouça o eco da desilusão que vive dentro de mim
Luísa Rafael
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Porto, Portugal