Serenata para a solidão

Pouso sobre a tua janela

Incessantes cantos alegres entoo -

Mas não ouves.

Sou um pássaro que desistiu de voar agora, a vê-la, não me posso deixar

O contemplar.

E então faço serenata

Cantando-te músicas tristes

Olhas, e vês, este que tanto entende

De tua natureza e de tua tristeza

De teus olhos vagos

Refletindo tua mente só.

Eu canto cada vez mais alto

E canto cada vez com mais dor

Quanto em medida assim me dou

Ouvis e dizeis: - que natureza notou-me

Nos extremos de meus deveres, a ser

Benção e maldição na vida dos mortais?

E pergunto - são os deuses solitários,

Tais os que tem tempo apenas pra si?

A solidão é as notas da própria canção

Que a ela cantara.

Pois ao descobrir onde ela repousa em

Sua morada, não quero me dar ao mundo mais.

Como um pássaro distante, que se compraz de viver e ser solitário,

Cortei as próprias asas minhas e vivo

Na batente de uma janela a cantar

Músicas lindamente tristes

Pois é inevitável

Não se emamorar ao solitário da vida,

Aos silenciosos passos no assoalho,

Aos gestos inaudíveis da solidão.

Só há canção, e é a que canto

Ela se agrada, e eu me agrado

Pois em outros tempos

Eras tu, solidão,

Quem uma serenata fazias seja noite

Ou dia

Ao meu ser - ao meu mais íntimo ser.

Ligeia Amanna
Enviado por Ligeia Amanna em 26/10/2023
Reeditado em 13/11/2023
Código do texto: T7917644
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