CRIANÇA MORTA
A criança que fui um dia
não existe mais.
Entretanto, não a consideram morta.
Mesmo que não seja eu
qualquer eco daquela criança
que, certamente, em mim
jamais se reconheceria.
Sei que ela está morta
junto com o corpo e o passado
que lhe definíam
no seu extinto mundo
de imaginações, pessoas e infâncias.
Não sou seu futuro.
Hoje , meu corpo, minha vida
é somente outra consciência
que se perde, independente ,
em outro tempo, pessoas e coisas
indiferente a um passado
que nunca foi nosso.