Sábio pescador
Em meu cantinho de paz, à beira-mar, cheguei sereno, buscando a quietude nas ondas que se quebravam suavemente na praia. Um rancho de pescador, modesto e acolhedor, tornou-se meu refúgio. Ali, entre o aroma salgado do oceano e o calor do sol nascente, eu buscava um breve alívio, um momento de introspecção.
Ao acender meu cigarro, percebi a presença de um senhor de olhos sábios e sorriso afável. Seus cabelos grisalhos contavam uma história, e seu rosto enrugado revelava anos de experiência e sabedoria. Ele se aproximou com gentileza, como se o mar tivesse sussurrado nossos destinos naquela manhã.
Começamos a conversar, e logo descobri que aquele homem era um sábio, um pescador de 73 anos com o vigor de alguém muito mais jovem. Sua idade parecia não pesar sobre ele; sua vitalidade e alegria de viver eram contagiantes. Enquanto falávamos sobre o mar, suas palavras eram como ondas, fluindo com a cadência das marés.
Ele compartilhou sua história comigo, contando que toda sua vida fora dedicada à pesca. Desde os dias de juventude até os anos de maturidade, o mar fora seu companheiro fiel. E mesmo com o passar dos anos, sua paixão pela pesca não diminuíra. Era como se o oceano fosse sua fonte inesgotável de felicidade, um elo eterno entre ele e a vastidão azul.
Surpreendentemente, ele revelou que havia deixado o cigarro há quinze anos, uma escolha que transformara sua vida. A vitalidade que ele irradiava era uma prova viva das recompensas desse sacrifício. Em seus olhos, eu vi não apenas a história de um homem, mas a essência do mar que o envolvia. A simplicidade de sua vida, a harmonia com a natureza e a gratidão por cada momento pareciam ser segredos de sua juventude eterna.
Ao nos despedirmos, senti uma profunda reverência por aquele encontro inesperado. Sua humildade e simpatia haviam tocado minha alma, deixando-me com uma sensação de paz interior. Retirei-me do rancho com o coração cheio de gratidão, levando comigo não apenas a lembrança daquele pescador sábio, mas também a inspiração para os versos que, na calmaria do mar, eu sabia que escreveria. Na simplicidade da vida e na grandiosidade do oceano, encontrei minha musa, e ali, entre as palavras, os versos ganharam vida, ecoando as lições de humildade e contentamento que aprendi naquele dia junto ao mar.