Aos Barraqueiros
Ao Norte e ao Leste do grande Brasil
Sobre Vera Cruz e seu Monte Pascoal
Há a baía qual todos os santos atraiu
E foi de nosso povo a primeira capital
Também o porto da escravidão negreira
Tanto de bom e mau um legado sem igual
Mas olhemos à dentro além da violenta Feira
Na Caatinga entre ela e a dividida Petrolina
Mas antes da opulenta nação garimpeira
Qual orla as montanhas da dourada Jacobina
Aqui encontraremos pequena Capim Grosso
Adornando o caminho à Chapada Diamantina
Vinte e sete secas após o levantar do Colosso
Quando chegaram Zózimo e dona Ursulina
Para em sete décadas sem qualquer alvoroço
Ser declarada livre esta cidade tão traquina
Confiada primeiro ao ilustre Cesiano Carlos
Quem os governou com providência divina
Em sua mente teve uma idéia para ajudá-los
E pôs-se aos planos de uma visão em formação
De um majestoso espaço que iria alegrá-los
E sonharam assim com a Praça de Alimentação
Deixada à nós como uma promessa tão especial
Qual seria de crescente Capim Grosso o coração
Como nosso amplo comércio e feira semanal,
Por quatro anéis rodoviários tão abençoados,
Há um perfeito espaço de localização central
Dos colégios entre quatro praças colocados,
Do município junto com aquele do estado,
Qual já por três gerações são tão amados
Hoje o recinto está apenas abandonado
Pois para longe as escolas foram movidas
E pior que meu alma mater todo depredado
É a perfidia das antigas promessas esquecidas
Já que longe de nosso sagrado bem público
Decidiram que à terceiros sejam vendidas
Um terrível cenário certamente oposto de idílico
Mas qual aos pobres barraqueiros é ainda pior
Já que logo ontem o vilanoso prefeito sádico
Disse-os que lotear a área pública é o bem maior
E mesmo que portentos de seus devidos alvarás
Do que ele pode dar, jogá-los na rua é o melhor
‘Se eu der quiosques, não apenas te encostarás?’,
Ele retoricamente diante de nós ousou perguntar
'Se em dez anos lá não conseguinte, quando sairás?',
Ele deu-nos de seu tempo apenas para nos insultar7
Agora assistimos passar o mês restante que foi dado
Até a nepótica corrupção nos sacrificar ao seu altar
O Japastel levanta antes do próprio Dia estar acordado
Toda manhã às cinco e vinte abrindo sua pequena banca
E eu sento em suas cadeiras para dois cafés e um salgado
Cumprimentando todos como já parte desta vizinhança
Com centenas de transeuntes e regulares clientes
Todo dia vindo aqui para sua preferida comilança
Márcio Lanches com suas chapas quentes
Aqui na cidade não precisa de introdução
Então quantos ontem ficaram descontentes
Ao serem informados da triste resolução
Perdendo para sempre o familiar lugar
Onde temos tantas memórias de diversão
Chaves reis faz tanto movimento chegar
Que o inteiro comércio da rua se beneficia
E Nelson Cel consertando qualquer celular
É algo que a rua sem dúvida sempre aprecia
Enquanto Élio vendendo de tudo na esquina
É o que o próprio caráter da rua exuberancia
Uma feliz prosperidade qual à todos contamina
E à quem merecem quiosques no centro da cidade
Um espírito trabalhador qual à todos ilumina
E à quais lançar destitutos à rua é uma perversidade
Mas é isto que está acontecendo em nosso centro civil
De uma doce antiga promessa à uma amarga nova calamidade