Arma
Minha única saída é jogar no papel
emoções dum coração sôfrego,
olhar estrelas do amanhã
fantasiando com o passado.
Importar-me com inutilidades,
sacralizar o efêmero
enquanto o vivo…
Tenho uma arma!
A arma que engatilha com a bala amarrada,
é a corda que me une ao mundo,
quando disparada: Pow! Atinjo-o;
não tem sangue ou buraco no peito,
tem marcas duma vida perdida,
palavras análogas à poeira:
entope, incomoda, mas passa.
Saio do mundo caído
levantando-me no vento,
imaginação unilateral
contra a realidade macabra.
Ninguém se importa comigo,
e o mais macabro
é que eu também não.