EU, SEMELHANTE

Eu comi os latifúndios ,

entre os cercados de vozes,

apreendi minha alma nas línguas farpadas

em um solo arenoso das linhas do meu rosto

(...)

Era uma menina que tinha sonhos e luz

Calejou seus dedos nas orações dos rosários

Solvendo as contas em lágrimas das suas agonias

(...)

Quando deixou de ser sonho

foi passageira no cais de tantos.

Vagando entre marés torrenciais

afundou seu verbo em conjugações pretéritas

(...)

Faz calor nos teus braços,

abro a janela e sinto o vento

escorrendo entre meus pelos,

ouço o silêncio dos meus olhos

correndo a imensidão de mim

(...)

No cativeiro que fui

ocupei minhas curvas

em eu, semelhante.

No cansaço das ruas

sou a lua em fases

do eclipse nublar de mim.

Yana Moura
Enviado por Yana Moura em 23/10/2023
Reeditado em 23/10/2023
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