EU, SEMELHANTE
Eu comi os latifúndios ,
entre os cercados de vozes,
apreendi minha alma nas línguas farpadas
em um solo arenoso das linhas do meu rosto
(...)
Era uma menina que tinha sonhos e luz
Calejou seus dedos nas orações dos rosários
Solvendo as contas em lágrimas das suas agonias
(...)
Quando deixou de ser sonho
foi passageira no cais de tantos.
Vagando entre marés torrenciais
afundou seu verbo em conjugações pretéritas
(...)
Faz calor nos teus braços,
abro a janela e sinto o vento
escorrendo entre meus pelos,
ouço o silêncio dos meus olhos
correndo a imensidão de mim
(...)
No cativeiro que fui
ocupei minhas curvas
em eu, semelhante.
No cansaço das ruas
sou a lua em fases
do eclipse nublar de mim.