A CHANTAGEM DO SINO

O sino da matriz insiste em tocar

Como quem pede:

Dá-me um verso

Ou nunca mais vou parar.

Respondo que não

Que meus versos

Ficam para outra ocasião

E o sino persiste a planger no campanário

Quer um verso para enfim descansar

Digo que verso tem que ser voluntário

Que poema não pode nascer

De sino tocando a me chantagear

Mas o barulho atravessou o dia

Adentrou a tarde e o arrebol

Replicando e pedindo poesia

Mesmo depois do morrer do sol

Então roguei clemência ao verso,

Pois minha paciência

Com o sino havia acabado

Dá-me, amigo, ao menos uma quadra

Um dístico, para esse traste ficar calado

Assim o sino silenciou

Depois que ganhou esse poema

Acabou-se o problema

E minha paz retornou

Luiz Fraga
Enviado por Luiz Fraga em 22/10/2023
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