A CHANTAGEM DO SINO
O sino da matriz insiste em tocar
Como quem pede:
Dá-me um verso
Ou nunca mais vou parar.
Respondo que não
Que meus versos
Ficam para outra ocasião
E o sino persiste a planger no campanário
Quer um verso para enfim descansar
Digo que verso tem que ser voluntário
Que poema não pode nascer
De sino tocando a me chantagear
Mas o barulho atravessou o dia
Adentrou a tarde e o arrebol
Replicando e pedindo poesia
Mesmo depois do morrer do sol
Então roguei clemência ao verso,
Pois minha paciência
Com o sino havia acabado
Dá-me, amigo, ao menos uma quadra
Um dístico, para esse traste ficar calado
Assim o sino silenciou
Depois que ganhou esse poema
Acabou-se o problema
E minha paz retornou