AUTOREVISITAÇÃO

DIa desses ,

reli alguns dos meus versos,

-não todos!-

porque é impossível acessar a imensidão

dum infinito interior ...

Nenhuma poesia

Teria esse poder.

Numa metanálise de mim

Soei meus versos e constatei:

Quantas de mim encontrei pelo tempo.

Quem sou agora?

Onde estou eu agora?

Em qual verso?

Em qual entrelinha?

Em qual figuração interior daquilo

que nunca se enxerga de longe?

Qual seria minha mais urgente rima?

Quantos versos em branco

Que nunca foram escritos...

Sequer em rimas vazias.

E também

Desconheço os seres de quem falei,

Os fatos,

Todas as fotos figurativas que fiz em sentimentos :

As da grande viagem.

Desconheço o tudo que na poesia amei

O que chorei.

Sequer lembro

Do verso que desamei.

Vagamente reconheço os caminhos

que me levaram a soar versos:

As pretensões

As crenças

As ilusões

As construções

As constatações.

As passagens,

As saudades.

Numa metapoesia de mim

Eu me revisitei no tudo inacessível

Do que já não sou.

E num alívio

Entretanto,

Agradeci pelos versos

Que soei.

Foram tantos ...

Versos em reversos...

Soados versos suados.

Contundentes provas de

que na poesia eu vivi...

Eu me sorvi!

E foi nela que sobrevivi.