Enquanto (dor)mimos - André Espínola

O dia (re)nasce

Como se o ontem nunca tivesse existido.

Não importa se jesus nasceu,

Morreu

Ou se foi por todos esquecido.

O sol está cagando pra isso.

Ele é ainda um pagão

Que bebe vinho antigo

E se farta na carne

De boi torrada.

O ontem é sempre uma lâmina que (p)arte

E p-a-r-te

Deixando em pedaços

Um passado

Como presente perdido.

O azul do céu na manhanzinha virgem

E a consciência ainda entorpecida

Pelo sono nunca saciado,

É como um mergulho no Letes

De uma alma preste

A mergulhar na vida.

E sabe-se do hoje

Somente porque nele existimos.

Esperando o (a)manhã no fim

Da mais profunda noite,

Enquanto a dor dorme em mimos.

Autores do Nossarte
Enviado por Autores do Nossarte em 25/12/2007
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