Companheiros

Lá longe atrás da montanha

Meus olhos não alcançam

As sutilezas das crianças

Que brincam e sorriem sem culpa

Serão os homens e seus podres poderes

Os responsáveis dos rostos tristes

Das mães insepultas dos filhos desaparecidos?

Ora, ora, pois que sim que é!

Claro mais claro que a clareza do dia

Que é sim culpa deles!

Um sussurro se ouve lá de longe

Quem pois pode ser o tristecê daquele que chora?

Um irmão, irmã, pai, mãe?

Todos são os meus que ao meu lado caminham

Ora ora, assim é, quem ao meu lado caminha, irmão é!

Não há flor no jardim

O barco não chega ao porto

Todas as cartas não foram lidas

E na plataforma da estação

Espero o trem que não chega

Conspurcado, quase ao chão

Está o corpo, quase sem vida

Do homem que enfrentou o rei

É certo que não viverá

Porém, mais certo,

Será o legado que deixa para os que virão

É nisso que repousa o medo dos excelsos assassinos

Há flor no jardim

A semente brotou