Oceano de emoções

De vez em quando acontece esse tipo de desgraça:

O encontro de alguém que é um oceano de emoções

Com alguém que não passa de um copo d'água - pela metade.

Os caminhos se cruzam, as almas não.

Há uma assimetria no agir, no pensar, no sentir

E um dos lados sempre se dá mal.

O medíocre afetivo reveste sua mediocridade com a bata da razão

Diz ser prudente, cauteloso, desconfiado

Mas, no fundo mesmo, é um pobre coitado, que sente medo de sentir.

O outro, o que tem a afeição por essência, se sente sempre culpado por tanto sentir

Às vezes envergonhado, às vezes desmotivado

Mas nunca frio.

A frieza é para os mortos

De corpo e de alma.

O medíocre afetivo vive como se morto estivesse,

Não demonstra nem provoca fortes emoções,

É como um zumbi, vive mas não é vivo.

O outro, que tem alma de poeta, considera uma desonra não sentir.

Sua vida afetiva se faz de modo claro e transparente;

Se gosta, gosta! Se não gosta, não gosta!

A vida fica mais simples quando se joga limpo com as emoções.

O emocionado entendeu isso

E apesar do azar de, vez ou outra, encontrar um medíocre afetivo pelo caminho, ele segue sendo quem é

Um oceano de emoções.

Uma verdadeira e genuína dádiva seria se os oceanos do mundo se encontrassem.

21 de outubro de 2023, Natal/RN

Augustophilo
Enviado por Augustophilo em 21/10/2023
Código do texto: T7913815
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