Preciso apear
Ontem, dito dia da poesia
Não senti pingo d'alegria
Tanta tristeza no mundo
Tanta injustiça na velha terra
Espionagens sórdidas, guerra
Sequestraram-me as palavras
Que os anjos as devolvessem queria
Mas isso sim a maior injustiça seria
Pois que descessem pra socorrer crianças
com espasmos, sede, fome
Mutiladas sob infames escombros
sem um ombro pra chorar
Onde sua mãe estaria ?
É preciso seguir em frente
Para onde correr?
Para o sul para o norte?
Os zumbidos em suas mentes
Os mísseis no céu reluzentes
O pavor da morte
Viver é sorte?
Ó céus, misericórdia!
Quanta sordidez, quanta crueldade
Onde fica Pai a cidade da paz?
Para este mundo que preciso apear!
Benvinda Palma