Eu sou!

Fizeram-me de escravo

Tiraram meus tesouros,

Meu bem maior.

Tiraram minha Pátria

Minha família,

Os meus...

Jogaram-me no navio

Não o Titanic

Foi em um cheio de ódio, sangue, doença.

Em um porão onde as lágrimas se misturavam com o medo.

Medo do desconhecido,

Medo do chicote, da chibata, de quem viria se tornar o capitão do mato.

Medo do preto de pele clara que se acha gente

Gente que merece espancar, perseguir, matar.

Trouxeram –me para uma terra desconhecida.

Fui transformado em bicho

Trabalhava como animal,

Comia como ele também.

Acharam pouco e no meio do terreiro colocaram o tronco.

Tronco que tinha gravado nossa sombra

Sombra da dor, do sangue, da humilhação.

Mas, nosso espirito era de guerreiro.

Lutamos, cantamos, dançamos.

Cozinhávamos sem igual, das vísceras fizemos as iguarias,

Dos tambores, os sons, batuques, danças e cânticos que aliviavam a alma.

O que nos manteve vivos? A fé.

Nossos rituais, tinham que ser escondidos, porém nunca esquecidos.

Anos se passaram e aparentemente quase nada mudou.

Mas, nosso grito ecoou

Criaram a Consciência Negra

Por reconhecer o nosso lugar.

Nos vestiram,

Valorizaram nossas contribuições.

Culinária, vestimentas, religião.

Conquistamos nosso espaço.

O negro ganhou o seu lugar.

Nos tornamos gente...

Gente ministro, professor, gari, promotor.

Presidente, jogador, cozinheiro, operador.

Em todas as profissões tem um preto lá.

Independentemente da cor da minha pele

Tem que me respeitar.

Você que se acha melhor porque seu cabelo é lisinho,

Lhe digo meu rei, o rei sou eu.

Nariz achatado, cabelo caracolado, pele bronzeada por natureza

Se você não é capaz de reconhecer minha beleza,

Sou mais que a cor da minha pele e minha aparência

Quem precisa mudar é você

Digo com todas as letras.

Eu sou a resistência,

Eu sou a beleza negra.

Eu sou obra do Criador!

Eu sou!

El. Marcolina

El Marcolina
Enviado por El Marcolina em 20/10/2023
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