UMA PONTE QUE O RIO AINDA NÃO LEVOU
No ontem em que já não estou
me ideava com um amanhã em que não sou
Algo se perdeu entre o antes e o depois
Em que hoje ficou minha distinta face
que é aquela que a nenhum espelho revelo
e nem mesmos os velhos retratos sabem dela?
Quem fui se mistura nos nevoeiros da memória
com sonhos que a parede da vida não acordou
Sou uma ponte feita de dias findos e jamais
a me interligar as margens de um rio
em cujas águas alguma coisa de mim se afogou
Ao oceano que no fim me espera
sou aquele qual sou
e aquele outro quem não sou