O que nunca tive
A inquietação não passa
e a hora já é envelhecida de clausuras íntimas.
Revolvo-me entre as espirais das últimas frustrações.
Não quero amofinhar amarguras,
mas sinto que perdi...
Mas... como pode alguém perder
o que nunca teve?
O que sonhou e nunca lhe foi dado?
E é tão simples perceber quando somos invisíveis,
quando tanto faz se somos,
se estamos ou não estamos...
Talvez por isso tomamos do cinzel de poemas
e ferimos a alma de quem mais amamos.
É tarde eu sei, mas... acordo meus alardes,
ao mesmo tempo em que contemplo no espelho o olhar de pergunta: por que?
A alma se faz vulnerável
enquanto trafega por ruelas interiores.
Talvez seja mesmo o silêncio o caminho.
Devo economizar nas falas e deixar rolar a lágrima que segurei até agora...
Sou juíza de mim e já me condenei
a um recuo estratégico para alguma cidadela interior.
Ali não há espaço para palavras, somente para o silêncio.
Preciso lamber as feridas e cobrir de sal
os machucados que eu mesma - meu espelho -me fiz...