RELAÇÕES/REAÇÕES
Ganhar na casa de apostas do amor
É dar a sorte de cruzar um bilhete
Que não vende na loteria da esquina,
É arranjar incomodação que vale a pena
Imposto pequeno perante o valor.
É agarrar a premiação apenas na força da expressão
Esvaindo a insegurança que o tempo leve
Lembrando que esse prêmio como um qualquer
Se não bem aplicado também empobrece
Que é pra não endoidecer e assim depreciar.
É o beijar de línguas da imperfeição, fantasiar na ficção
Toda via, cada cena, baseada em cortes do cotidiano real
Como quem veio ao mundo pra suprir carência
Como quem pensa com a cabeça da vontade
Morde o canto da boca do pecado e acena
Arrancando um pedaço do querer sem maldade.
É abrir mão do status, não compete ao indiferente
Tudo o que compartilham e encaram os corações.
Encontrar entre os labirintos estrangeiros
Do tesão e da ternura nada mais que o fundamental.
Não é a rotina empoçada, sem problemas, bem regrada
É acolher e encaixar o amor onde e quando
Ele aparenta não servir, se safar e ceder.
É condição de suporte ou solução
Se for pra debater, se for pra desabar.
É a felicidade, não constante nem todos
Os dias, mas abraçá-la sempre que der.
É se endividar de demandas do outro
Levando a vida na vontade de quitar e conceder
Sem pretender desquitar por quaisquer distrações.
É quando chega a noite e a cama sana
Todos infortúnios imprevisíveis do dia
Seja no emaranhado de membros
Pra adormecer ou satisfações a parte.
Se os dois melhor, sendo os dois tanto faz
Não tem ordem, a desordem é o que rege,
Erigisse o pilar de prioridades atemporal.
O que vale é o amor
No calor de se amar.