Poética perene

Catando resto de vento

Colo no papel viagens de quem observa

Mais que o verde da folha

Mais que o prego na madeira

Mais que o sorriso brotando

No sono em uma espreguiçadeira

Pratico a arte do nada

Nadando em versos disformes

Trazendo a alegria de rimas

Pra quem tem sede e tem fome

De ver na beleza do traço

O som do que anima e tem nome

Agarro da areia a partícula

Que é vida em mim e no bicho

E corro a estrada das luzes

Que vagam em brilho infinito

E quem me vê tateando o céu

É nele que encontro o juízo

Que eleva minha alma cansada

De dar em estradas perdidas

De olhar caminhos vazios

Que sempre me levam ao zero

Onde o sempre é começo constante

E aprender é exercício perpétuo