O artista e o quebra-cabeças
O artista é o quebra-cabeças que não se completa
Que está sempre deixando uma peça
Solta
Como a incerteza
Como a ansiedade da criação
O artista é incompatível, incorreto
Não importam as medidas paliativas
Cultura, doutrina ou decreto
Porque o artista não pode escapar de sua própria natureza
De sua incontrolável imaginação
Dos seus excessos
Que transbordam de alma, pensamentos, sentimentos, contradição
Pela qual se conectam
Nunca o formato perfeito
Se são os olhos muito abertos
Ou os pés tortos que tropeçam no chão
E brotam versos ou traços de mundos inteiros
Se é o transe do ensaio e da dança
Ou o teatro da atuação
E não é incomum que o artista esperto e zombeteiro
também seja o mesmo que chore como uma criança sem peito, gritando por atenção
O mesmo artista, que entende mais da realidade, também é aquele que mais se engana com a sua própria ilusão
Porque ele entende mais pelo que sente, não pelo que pensa, de racionalidade, porque o seu juízo é a sua própria paixão