VIVER NÃO CANSA

VIVER NÃO CANSA

Viver não cansa.

Cansa teimar no vazio,

remar no improvável desejo,

na inconcretude das formas

de ser e estar

para com o outro.

Não é o verbo escasso

que cansa, é a sua abundância,

a verborrágica promessa,

a sintaxe emboscada,

a palavra de quem ama

na trama retórica da mentira.

Cansa quando me tiram o nexo,

quando me arrancam o sexo

e não me deixam espaço

para eu me superar.

O que há de se fazer

morto não se deve

insistir em ressuscitar.

O fim que trago em mim

deve ter início.

Na fonte em que bebi o sentido

devo afogar o meu sonho.

Não posso

se já não há poço.

Leo Barbosaa
Enviado por Leo Barbosaa em 16/10/2023
Código do texto: T7909809
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