Um vento de ilusão
Um vento de ilusão
Como por magia
Chegaste
Em plena festa
Em brindes
De alegria
Vieste
Sem avisar
Com a orquestra
Da saudade
A tocar
Uma espera
Inquieta
Inesperada
Olhei à janela
Uma sonoridade
Abafada
De uma trovoada
De sentimento
Que me gelou
A alma
Um relâmpago
De estrelas
No firmamento
Um raio de luz
Calma
Um contentamento
Divino
E de repente
Um trovão
No compasso
Da música
Que valsa
No meu coração
Abro a porta
Para te dar um abraço
Da ilusão
Recortada
De desejo
Na cor
Da esperança
E nada vejo
Há um vento
Que chicoteia
As árvores despidas
E levanta uma poeira
Sonolenta
As folhas de um Outono
Que vagueia
Nos trilhos da estação
Pintaram o meu cabelo
De vermelho
Da paixão
E o vento assobia
Mas não vem contigo
A minha pele arrepia
Com o frio
Da solidão
O sonho desmaia
No corropio
Da folhagem
Da calçada
Pouso os olhos
No tapete de uma noite
Que se estende devagarinho
Volto para dentro
E aconchego-me ao alento
E carinho
Que de ti espero
E não finda
E ainda
Que a chuva continue
Num dilúvio
De silêncio
Na estrada deserta
A porta
Essa
Mantenho-a aberta!
Luísa Rafael
Direitos de autor reservados
Porto, Portugal