Paixão

O que é paixão senão o ópio dos apaixonados?

E quem, amiúde, não se viu abobalhado

Pisando em nuvens, descalço

Com mariposas perambulando o avesso?

Quem, dantes, sobejamente, não embriagou-se

Na ânsia de um gole, afogou-se

É vicio o uso em demasia

Paixão, entorpecente ousadia

Do encontro dos labios, o ósculo

Faísca dos apaixonados

Quem nao se apaixonou um dia

Por certo nunca existiu

Não há quem não deseje perder-se

Por vezes, da tediosa razão

Paixao é ruptura da sanidade

loucura sem precedentes

De bagunçar os sentidos

Turvar a visão

Desejo incessante do toque

infrene respiração

Paixão é ensaio amador

Na linha tênue entre amor e meros anseios,

Porventura, nem sempre amor

Mas o que é o amor, senão uma paixão sem freios?

Acarla
Enviado por Acarla em 14/10/2023
Código do texto: T7908803
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