Paixão
O que é paixão senão o ópio dos apaixonados?
E quem, amiúde, não se viu abobalhado
Pisando em nuvens, descalço
Com mariposas perambulando o avesso?
Quem, dantes, sobejamente, não embriagou-se
Na ânsia de um gole, afogou-se
É vicio o uso em demasia
Paixão, entorpecente ousadia
Do encontro dos labios, o ósculo
Faísca dos apaixonados
Quem nao se apaixonou um dia
Por certo nunca existiu
Não há quem não deseje perder-se
Por vezes, da tediosa razão
Paixao é ruptura da sanidade
loucura sem precedentes
De bagunçar os sentidos
Turvar a visão
Desejo incessante do toque
infrene respiração
Paixão é ensaio amador
Na linha tênue entre amor e meros anseios,
Porventura, nem sempre amor
Mas o que é o amor, senão uma paixão sem freios?