DESERTAR

DESERTAR

Meu pânico atado a meu pranto

não deságua sobre os meus temores

de quem utiliza a carência

como um afrodisíaco a engolir

o mundo.

Mudo sob o fogo incerto

quando a treva se atreve

a se esparramar em um nada

que julgo ser tudo.

Converteram-me minuciosamente,

e hoje inserto estou nesta seara

de possibilidades.

A dor é a primeira

e gozo sobre ela como

se a quisesse semear.

Neste instante a memória repousa

porque o corpo a corpo

é pungente; fruto maduro

que não se pode colher.

Deserto que se nutre do próprio sal

e insiste em mirar-se

nas mais indistintas miragens.

Prove que vive

Prova que vive

sobre a sombra

que o tempo pode vir.

Leo Barbosaa
Enviado por Leo Barbosaa em 14/10/2023
Código do texto: T7908301
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