O Começo do Fim
Eu adoro a cavalgada
Porque nasci no sertão
Sou um fã da vaquejada
Que o nordeste é tradição
Mas sou contra a injustiça
Vou defender com justiça
Num verso bem caprichado
Dizer o que eu não aceito
Estão ceifando o direito
A liberdade do gado.
Apesar da estrutura
Parece contraditória
Uma espécie de tortura
Para o herói da história
Que corre na contra mão
Finda virando o vilão
Seu agressor aclamado
Boi apanha e passa fome
O cavalo ganha nome
E o vaqueiro é premiado.
Nesta carreira de artista
Só tem sofrimento e dor
O único protagonista
Que o papel é sem valor
Do cavalo a fama espalha
Vaqueiro ganha medalha
O povo o divertimento
Tem forró e mulherada
Diversão e cachaçada
Mas pro boi só sofrimento.
Não há pátio sem corrida
Nem vaqueiro sem cavalo
Cicatriz sem ter ferida
Nem garrafa sem gargalo
Aspecto sem aparência
Discussão sem divergência
Nem acordo sem ter paz
Pergunto em verso estridente
Qual o órgão competente
Que defende os animais.
Convoco a sociedade
Pra discutir a questão
Mas com racionalidade
Pois envolve a tradição
O assunto é comovente
Porém muito pertinente
Mas sempre esquecido foi
Eu penso dessa maneira
E quem pensar que é besteira
Que vá pro lugar do boi.