"AS ALEGRIAS"

 

I

Drogas que não dão culpa…

Pois foi o médico que receitou.

E sintomas que são desculpa

é tudo lábia que justifica a dor.

 

“Não há motivo aparente”

Dizem por aí; é que ando meio doente,

ou que estou sempre descontente.

 

Desculpa pra se livrar da culpa

Porque Ele quer (e sem isso não faria)

desculpas pra se escrever poesia.

 

II

A idade não é mais

aquilo que me surpreende

mostra-se interessante, alguém

a depender do que se aprende.

 

Talvez dinheiro não traga

mesmo felicidade nenhuma…

Mas também mal se fica em pé

sem o tal do Dinheiro por perto.

 

E no entanto, aumenta a Fé.

 

Que Ironia! É que ela

MOVE MONTANHAS…

e se prova mais verdadeira,

quando a barriga é vazia.

 

III

calçam-se os pés, fazem folia

dormem a noite, trabalham de dia

sendo todo mundo normal, coisa e tal…

 

Malmente se pode dar um sorriso…

e coisas que brotam da raiva e desconfiança

até que são fortes em seus juízos

 

“Não faria mal, nem mesmo

a uma mosca… Você faria?”

 

IV

Você sente…

Sente, sim; não sente?

 

Eu acho que eu sinto…

 

Caminha com nós de noite

caminha com nós de dia…

 

Nos intempéries e nos açoites

nos acasos e nos casos, e no caos.

 

E no nascimento de uma cria.

Elas dançam… e são ousadas.

 

Utilizadas em teatros

e pornochanchadas…

em livrarias, botecos

 

… ou orgias.

 

Todos gritam

chamando-as assim:

“Alegrias!”

 

Henrique Britto
Enviado por Henrique Britto em 13/10/2023
Código do texto: T7907952
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