O rascunho
O rascunho
Em cada papel amarrotado pelas mãos do escritor
Há um suspiro para dentro calado de dor
Uma folha despetalada que da alma se liberta
Quem sabe até um amor que no coração desperta
Há uma boca que se abre pela mão dextra
Uma liberdade que sem saber quem lê sequestra
O inconfessável que até sem querer se confessa
Um monólogo com uma multidão calada sem pressa
Cada letra que se perde tem uma nudez que a veste
Pode até vir com o silêncio ou um vento agreste
Tem a temperatura que circula livremente na corrente
Uma ternura de um beijo perdido que se solta inocente
Nas rasuras se abrem brechas para as entrelinhas
Como chaves nas fechaduras de leituras clandestinas
Luísa Rafael
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Porto, Portugal