O rascunho

O rascunho

Em cada papel amarrotado pelas mãos do escritor

Há um suspiro para dentro calado de dor

Uma folha despetalada que da alma se liberta

Quem sabe até um amor que no coração desperta

Há uma boca que se abre pela mão dextra

Uma liberdade que sem saber quem lê sequestra

O inconfessável que até sem querer se confessa

Um monólogo com uma multidão calada sem pressa

Cada letra que se perde tem uma nudez que a veste

Pode até vir com o silêncio ou um vento agreste

Tem a temperatura que circula livremente na corrente

Uma ternura de um beijo perdido que se solta inocente

Nas rasuras se abrem brechas para as entrelinhas

Como chaves nas fechaduras de leituras clandestinas

Luísa Rafael

Direitos de autor reservados

Porto, Portugal

Luísa Rafael
Enviado por Luísa Rafael em 13/10/2023
Código do texto: T7907926
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