REGRESSO
“Por mais longos que sejam os caminhos
eu regresso.” Sophia de Mello Breyner Anderson
REGRESSO
Minha’lma nasceu nos temporais,
na bruta sede de existir
sem ser mero fruto
do acaso e do reverso.
Regresso. Nessa margem não cabe
temer o retorno diante do intenso
relógio, anunciante do temporário.
Os caminhos eu fiz
e das pegadas em mim
descobri a cronologia.
Deixei meu nome engarrafado
no mar, à deriva,
derivativo de mim
que se ondeia.
Clamei que me navegassem
e não resisti ao naufrágio.
Entre botes, rebotes e sabotagens,
afundei nos corais,
porque vozes serenas
fundiam as minhas.
Os mares têm mil tons
e, às vezes, sinto que correm à toa.
Mas, por mais longos que sejam
os caminhos,
Eu regresso.