Vista do quintal

Uma brisa tocou-me a fronte/

Embalando as folhas do tajá/

Curioso segui o caminho\

Angustiado do mato/

Quando me dei conta/

Estava ali/

A beira da baia do Guajará/

Com às águas barrentas/

E a lama da beirada\

A esconder\

A esconder as arraias/

Molhando os meus pés descalços\

Com o repique suave da ondas/

Sem me dar conta do perigo/

Por causa daquele alívio oferecido/

Pelo silêncio do lugar\

Erguendo o braço, o pus sobre os olhos/

Que descobriam sob tensão/

Por uns poucos segundos/

A razão daquela beleza/

Um sol sobre o horizonte adormecendo\

Dizendo calado, que a noite já vinha/

Aquele portão/

Pra onde as ruas de rios se dividiam/

Fincou morada na mina calçada\

Aquela mata fechada/

Que descobríamos como uma mulher em sua morada\

A nos abraçar na sua intimidade/

Sob a melodia pausada do sa-ci/

Nas árvores rameiras/

Os últimos raios de sol se perdiam/

A dizer que eu tinha que partir /

Não sabia, que era hora de me despedir\

Aceitar tardiamente o convite\

Daquelas águas pra emergir\

Como no batismo caboclo\

Como o olho de boto|

Que velejava sem rumo\

A qualquer porto de chegada\

A passarada sob um surto\

Se dando por cansada\

Cumpria o rito\

De versar a sinfonia normatizada\

Mas ainda resistente\

Preferi assistir insistente\

Ao fim do dia\

Com a lua deitando\

Sobre o colo das águas\