Introspecção
O que é meu?
O que eu acho que é meu?
O que eu acho que eu acredito
Quando de fato eu não acredito?
E de fato eu acredito em outra coisa
Que não declaro?
No que eu acredito?
A ponto de fazer?
O que eu digo a ponto de acreditar?
O que eu assumo sem julgar?
O que eu assumo sem assumir?
O que eu escolho sem decidir?
O que eu acho que é meu não é meu
E o que é verdadeiramente meu
Eu não reconheço
O que eu faço?
O que eu penso?
Por que eu não penso?
Por que eu dispenso a pergunta?
Isso sou eu, ou
O que eu quero ser?
Estou desesperado por afirmações
E trato com desprezo aquilo que sou
Eu me conheço?
O que eu conheço de mim?
À medida que o tempo passa
O abismo do desconhecimento cresce
E o que eu busco?
Uma solução do tamanho daquele abismo
E o que eu encontro?
As expectativas no futuro
Já que agora não é possível ter nenhuma certeza
Para que me serve a certeza?
Do que eu me sinto tão inseguro?
De ser abordado por um estranho sem nome e sem destino
E ele me perguntar quem sou
E eu não saber o que responder?
Ter nas mãos ferramentas rudimentares
Com as quais eu "cunho" a vida?
O que é a vida?
Devo evitá-la?
Devo rejeitá-la?
Devo assumi-la?
Manter próxima a dúvida?
Encará-la? Encarná-la? Encená-la?
A dúvida amiga, inimiga, depositária
A tarefa má e dadivosa de se conhecer
Dizer não ao apequenamento da paz
Aclarar os recônditos fugidios do falso
Do que estou à espera?
Deixando a mim à espera?
Eu sou o mundo interessante