Bernardo e os Desejos de Sábado
Sábado à noite é o momento de Bernardo.
Enquanto banha e cantarola músicas de
Jim Morrison, deseja um passeio ao luar.
Sai de sua casa, anda nas escuras calçadas,
Percebe o silêncio nas janelas,
Observa pessoas com sacolas no mercado.
E enquanto caminha, os sussurros do vento
Arrastam desejos, pintam quadros de querências:
Dentro dele, bem no fundo,
Existe colossal vontade de saciar sua sede
Na molhada boca da mulher desejada.
Anseia amenizar o sofrimento proletário
E buscar outras experiências laborais.
Afagar os desânimos de quem ama,
Negociar com os conspiradores,
Ser herói e amante no êxtase do vinho.
Em um janeiro qualquer arrastar a mulher
De pleno afeto para uma praia distante.
Mas enquanto come um sanduíche ele
Reflete sobre tudo e lembra que o tempo
É fecundo canteiro para florescer novas vigas de vida.
Tudo depende da hora e de sementes
Nutridas pela paciência e perseverança.