No Extremo de Meus Silêncios

 

É, sim, ensurdecedor o silêncio.

Cativa a alma em total desarmonia

e a harmoniza consigo mesmo

numa mudez abissal,

muitas vezes incompreendida até de si.

 

É quando se ouve

o sopro dos ventos nas distâncias,

quando se sente o outro em profundidade

e se desliza por terrenos inimagináveis

sem mesmo perceber

em que viagem agora nos encontramos.

 

No extremo de meus silêncios,

o olhar se perde,

contemplativo e distante,

fixo e calado.

O s cílios param de piscar

e a mente se perde,

longínqua  e próxima ao mesmo tempo,

indo e vindo num frenesi constante

de viagens e jornadas interiores.

 

É quando me ouço mesmo não sendo ouvida,

é quando me sinto, mesmo não sendo sentida,

é quando me toco, mesmo não sendo tocada.

É quando escrevo e você, se quiser,

pode me ouvir, sentir, tocar...

no mais profundo e íntimo de minha alma...