Gazela desengonçada

É do tempo de ontem

que me sinto assim:

perdida e desnorteada,

tal qual gazela desengonçada e confusa

sem saber pra que lado do campo partir.

Mas e quem disse que desejo ir?

Sou mulher de ficar e não desistir da luta.

Ergo uma espada como quem carrega uma flor

e me desdobro em fúria pra defender o que é meu.

Resta saber o que é de fato coisa minha.

Contabilizo meus tesouros

mas me falta matemática pra somar

– só sei diminuir -.

É coisa do dono do tempo

que me fez sem me ensinar o vernáculo

dos números por inteiro.

É que a vida é feita de percas

e nelas me encontro e me acho.

- Não sei, não sei... -

Mas, acho que sim:

me perdi até de mim...