Errante perdido

É como perder a nossa mãe

E nos sobrar apenas a metade.

Olhei para o seu vel feito em velcro

Toquei na seda pura e lisa.

Estou morrendo na seca

Seca essa tão dolorida

Tão sofrida

Lamentada e sem aviso prévio.

Sou errante agora, já és meio dia

Não tenho mais sombra

Nem fluidos já evaporaram.

Minha língua torou

Um grande buraco em mim sobrou.

Que casa é essa que não há mais ninguém.

Perdi tudo

Até o divino amor pela vida.

Estou cego sobre o meu próprio viés.

No volante a direita

Está a contramão

Me joguei do penhasco sem freio e sem as mãos.

Diante de meu julgamento

Eu me vi com três irmãos

Na cruz já feita esculpida com carvão

Fui carregando sobre o chão.

Amarrado sobre ela

Fui morrendo já sem oração.

Conhecimento não valia mais

Sabedoria estava entre irmãos.

Tudo escurece e em seguida o clarão.

O violino desafinado que salvara a minha vida

Não era mais o porta voz de minha cela

E muito menos a chave do meu coração.

Ágatha Ternurie
Enviado por Ágatha Ternurie em 04/10/2023
Reeditado em 05/10/2023
Código do texto: T7901326
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