Errante perdido
É como perder a nossa mãe
E nos sobrar apenas a metade.
Olhei para o seu vel feito em velcro
Toquei na seda pura e lisa.
Estou morrendo na seca
Seca essa tão dolorida
Tão sofrida
Lamentada e sem aviso prévio.
Sou errante agora, já és meio dia
Não tenho mais sombra
Nem fluidos já evaporaram.
Minha língua torou
Um grande buraco em mim sobrou.
Que casa é essa que não há mais ninguém.
Perdi tudo
Até o divino amor pela vida.
Estou cego sobre o meu próprio viés.
No volante a direita
Está a contramão
Me joguei do penhasco sem freio e sem as mãos.
Diante de meu julgamento
Eu me vi com três irmãos
Na cruz já feita esculpida com carvão
Fui carregando sobre o chão.
Amarrado sobre ela
Fui morrendo já sem oração.
Conhecimento não valia mais
Sabedoria estava entre irmãos.
Tudo escurece e em seguida o clarão.
O violino desafinado que salvara a minha vida
Não era mais o porta voz de minha cela
E muito menos a chave do meu coração.