O descanso das letras
O descanso das letras
Se me vires por entre as sombras das luas
Na quietude das estrelas brilhantes puras
Deixa que as vestes nocturnas caladas
Se dispam errantes até às alvoradas
Deixa que eu engula as soltas palavras
As mastigue até que fiquem limpas e claras
Lhes dê um polimento nas arestas inacabadas
As perfume de sentimento e as ofereça desejadas
Deixa que as estradas se alonguem como braços
Para que eu ouça o silêncio cadenciado dos passos
Que os meus olhos se curvem pelas linhas do chão
E por lá fiquem debruçados no parapeito do coração
Deixa que encoste à alma cada uma das letras
As acaricie e lhes dê um sopro de poeiras secretas
Para que repousem em folhas soalheiras e serenas
E por lá se espreguicem
em versos e poemas
Luísa Rafael
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Porto, Portugal