TEMPORAL
TEMPORAL
Tempo (in)vestido nos teus olhos.
Tenho revertido em meus olhos
o íntimo que já não se intimida,
ao revelar uma eternidade que
já se mostra utópica.
Nostalgia – o ressentimento
de todas as expectativas frustradas –
pelo eu e as circunstâncias
às quais nos rendemos
e de que somos reféns.
Se ao menos eu pudesse ser mais pai
de mim quanto Deus é do nada,
mas eu sinto que há um Tudo
que se emerge nos delicados sinais:
Ele está no aparente desconexo,
no surpreendente sexo,
suspenso num abraço infantil.
Ninguém me ofertará voz
enquanto eu oscilar entre o desejo
e a vontade.
Ainda assim,
assim ainda,
serei perverso.
Por ser humano,
satura do mundo.