DA TECLA SAP AO REGRESSO FUNCIONAL
Nem em cem anos seremos tão sábios
Desvendar foices disfarçadas de afagos.
Desfaremos laços, abalaremos estruturas
Ao poupar doçura em duras palavras
Lançar mágoas profundas feito pedradas
Acumuladas próximo ao peito de quem é refém.
Em contra ponto e pior ainda
A automatização de cada passo projetado
Manipulando momentos feito medicamentos
Em busca da perfeição de efeitos sem bula colateral
A vida vazia acontecendo por vias artificiais
Pela indústria que propagandeia o pecado no prazer
A mesma que romantiza a ideia de sofrer pra aprender.
Doses exatas do que deve ser contido, encoberto,
Conferido para não interferir após oferecer.
Sendo assim tudo torna-se-á maquinado
Sentimentos, envolvimentos, toques
Guiados a programados intervalos
Maquiando a essência por decência a decadentes costumes.
E ainda que sobrem somente bons hábitos
Pra quem absorve de perto a potência
Da impaciência impetuosa regida em atos
Somos apenas impacto atingindo o alvo
Barco furado afundando aos poucos
Aguardando um resgate que vem a nado
Em curtas braçadas trazendo reparo
Destino traçado sem ser perguntado
Fingimos intactos almejando o cais
Merecendo a sorte, mirando o norte
Esperando uma ponte que nos leve de volta
Para o que? Bem, nem sabe-se mais.