DA TECLA SAP AO REGRESSO FUNCIONAL

Nem em cem anos seremos tão sábios

Desvendar foices disfarçadas de afagos.

Desfaremos laços, abalaremos estruturas

Ao poupar doçura em duras palavras

Lançar mágoas profundas feito pedradas

Acumuladas próximo ao peito de quem é refém.

Em contra ponto e pior ainda

A automatização de cada passo projetado

Manipulando momentos feito medicamentos

Em busca da perfeição de efeitos sem bula colateral

A vida vazia acontecendo por vias artificiais

Pela indústria que propagandeia o pecado no prazer

A mesma que romantiza a ideia de sofrer pra aprender.

Doses exatas do que deve ser contido, encoberto,

Conferido para não interferir após oferecer.

Sendo assim tudo torna-se-á maquinado

Sentimentos, envolvimentos, toques

Guiados a programados intervalos

Maquiando a essência por decência a decadentes costumes.

E ainda que sobrem somente bons hábitos

Pra quem absorve de perto a potência

Da impaciência impetuosa regida em atos

Somos apenas impacto atingindo o alvo

Barco furado afundando aos poucos

Aguardando um resgate que vem a nado

Em curtas braçadas trazendo reparo

Destino traçado sem ser perguntado

Fingimos intactos almejando o cais

Merecendo a sorte, mirando o norte

Esperando uma ponte que nos leve de volta

Para o que? Bem, nem sabe-se mais.

Pablo Machado
Enviado por Pablo Machado em 04/10/2023
Reeditado em 06/10/2023
Código do texto: T7900844
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.