A ÁRVORE QUE GUARDOU O TEMPO

Os dias se misturam em suas folhagens

em ramos arqueados pelo peso dos anos

a sombrear infâncias que vêm do século passado

No cimo passarinhos se protegem das madrugadas

camuflados pelo verde dos minutos pousados

enquanto borboleteiam em seus sonhos alados

No testemunhar da vida que por ela passa

com a mudez que só é própria das árvores

deixei lá meus primeiros e meninos pecados

Em janeiros derramados na calçada

pisoteei minhas férias escolares

com pés manchados de transitoriedades

E é no florescer solitário que ali depositei

meus tesouros e segredos mágicos

que até hoje ela em sigilo guarda

como se me fosse um fiel confessionário

Joaquim Cesário de Mello
Enviado por Joaquim Cesário de Mello em 03/10/2023
Reeditado em 03/10/2023
Código do texto: T7899954
Classificação de conteúdo: seguro