A ÁRVORE QUE GUARDOU O TEMPO
Os dias se misturam em suas folhagens
em ramos arqueados pelo peso dos anos
a sombrear infâncias que vêm do século passado
No cimo passarinhos se protegem das madrugadas
camuflados pelo verde dos minutos pousados
enquanto borboleteiam em seus sonhos alados
No testemunhar da vida que por ela passa
com a mudez que só é própria das árvores
deixei lá meus primeiros e meninos pecados
Em janeiros derramados na calçada
pisoteei minhas férias escolares
com pés manchados de transitoriedades
E é no florescer solitário que ali depositei
meus tesouros e segredos mágicos
que até hoje ela em sigilo guarda
como se me fosse um fiel confessionário