QUANDO O ENGENHO MOÍA
(Inspirado no romance Menino de Engenho, de José Lins do Rego)
Ah, quando o engenho moía
Os carros de bois cantavam!
Do eito da cana se ouvia
A música que entoavam.
Ah, quando o engenho moía
A calma virava histeria!
Ouvia-se dos cambiteiros,
Para os bois, a gritaria:
Ô, Labareda! Ô Medalha!
(Eram famosos os dois)
Com os moleques trepados
Em cima dos carros de bois.
Ah, quando o engenho moía,
No campo tinha fartura;
A cana virava açúcar,
Melaço e rapadura.
Ah, quando o engenho moía
A fumaça cheirosa do mel
Impregnava na terra
E perfumava o céu!
Ficava o mundo mais belo,
Mais cheio de poesia,
No tempo da safra da cana...
Quando o engenho moía!
— Antonio Costta