PASSAM OS DIAS

PASSAM OS DIAS

Passam os dias

Vivo é o passado

Tempos de ode ao antigo

Aos velhos amigos

A maioria idos

Mas sempre presentes

Neste presente de ausentes

Nos quintais de flores e frutos

De aromas e gostos absolutos

Olhar o firmamento

E poder ver estrelas

Hoje apagadas pelas luzes

De postes em claridade

Pisar o chão nu

Sentir no pé

Afundando na terra

Sem asfalto

O úmido solo

Sem sobressalto

Nas ruas de conversas

De cadeiras na porta

Sem medo de gente

Um passeio pela redondeza

Olás a todo instante

Luzes amareladas e mortiças

Em casas cheias de vida

Cheiros de comida

Cafés e pães com manteiga

Conversas a perder tempo

Preciosas como o quê

Abrigo contra ventos

Chuvas frios e calores

Em tempos certos

Nada do hoje incertos

Os boas noites de sono chegando

O fechar a porta sem chaves

O dormir como anjo

Agradecendo o dia

Sem nenhum arranjo

Apenas simplicidade

E a vontade de tudo de novo

Sem a estranheza do novo

Nesta minha idade

Nestas novas cidades

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 01/10/2023
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