POEMA INSONE

®Lílian Maial

 

Alinho os olhos com o horizonte

e choro o mar por trás da palavra.

Amanhã é poesia, sem pé nem letra.

Ontem eu rimava com estrela.

Hoje é hiato.

Debruço na amurada do passado,

atiro um verso pra ver se faz barulho.

Queria derreter as duras penas,

fazer um riso de papel maché.

Tem dias de ler nas entrelinhas

os gestos das gaivotas,

decifrar a aritmética das folhas ao vento.

Tem noites de esquecer luares,

adormecer a saudade

e apaziguar as sombras.

 

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