TRABALHADOR
À noite quando ele chega parece trazer o sol consigo.
Sim, parece não fazer sentido
Mas trabalhou o dia inteiro
Sob aquele forte brilho
Que o corpo tornou-se depósito do calor
Da maior estrela.
Jornada de um trabalhador
Exposto ao sol de sol a sol
De sol a sol literalmente
Não como a rotina de tantos
Que se firmam na força da expressão.
Fim de expediente, hora de voltar,
Nele, a noite é dia quente
Concentra-se nele todo o calor
Do enfadonho dia que findou.
Em seu descanso finalmente
O corpo a flamejar
É asfalto ao meio-dia, à meia noite
A ponto de incendiar.
Aproxima-se a amada, ao chegar a hora de dormir
Posiciona-se entre aqueles braços
Distancia-se a seguir
Ao sentir o calor daquele sol, deitado bem ali.
Madrugada a fora e ainda há calor
Evaporando do sol: trabalhador
Mas de manhã o sol já se foi
Pra começar tudo outra vez.