Oxigenação do cérebro
Era cerca de 0h15 e o sono parecia não chegava após os últimos ajustes na escrita de uma ata da última reunião do colegiado daquele Universidade.
O corpo que guardava o cheiro resultante de um banho regado ao tradicional sabonete de frutas verdes, minutos antes, dava sinais de cansaço após o cumprimento de 12h de trabalho, as quais, somadas a tantas outras, totalizariam 60h semanais.
Às 3h29, a rotina na interrupção do sono deu lugar ao desligamento do condicionador de ar para espreitar pela abertura da janela a chegada do vento natural vindo da serra que margeia a cidade de Palmas-TO.
Novamente, como de rotina, a quebra do sono às 5h35 deu lugar ao interesse por uma caminhada sob a expectativa de oxigenação natural do cérebro pelo vento que, agora mais forte, balançava a cortina da janela entreaberta.
A caminhada tivera início às 6h e duraria uns 40 minutos, porque o início do trabalho seria às 8h. Afinal, o servidor público precisa cumprir o seu dever.
O vento norte vindo da serra que margeia, longitudinalmente, a Capital tocantinense dava à mente a sensação de oxigenação do cérebro durante os momentos de inspiração e expiração do ar. O balançar das folhas dos pés de pequi (e de tantas outras árvores) e o canto dos pássaros davam alento à caminhada que demoraria uns 10 minutos pela passarela de acesso à entrada do Parque Cesamar.
Na entrada do Parque, o horizonte verde parecia mesclar-se ao nascer do sol rompendo a altitude da serra um pouco distante. Com o vento batendo no rosto e a inspiração concentrada no cheiro natural, o cérebro, de fato, parecia oxigenado para o percurso de um caminhada protegida pelas sombra das árvores.
Talvez no mesmo sentido de oxigenação do cérebro, ou de esperança no emagrecimento em prol da saúde, alguns passos em barulho apressado interromperiam o cantar dos pássaros na copa da árvores. Eles eram uns cinco caminhantes: dois homens e três mulheres. Um dos homens, um rapaz de uns 23 anos, meio magro, alto, conversador, e talvez o mais apressado durante a caminhada, chegara a tropeçar na capivara deitada mansamente na pista de caminhada. O pequeno animal reagiu ao tropeço ao sair correndo para o lago na tentativa de proteger-se daquele instante inesperado.
Após uns 25 minutos de caminhada ao ar puro, o cérebro parecia mais leve e a sensação do sono interrompido durante a noite dava lugar a uma mente em estado de descanso. Ao todo foram uns 40 minutos de caminhada, em um percurso de quase 5km. O retorno pela mesma passarela parecia dizer que a dose deveria ser repetida quando do novo amanhecer. Afinal, o trabalho é necessário, mas cuidar da saúde, seja fazendo caminhada ou não, é o que cada cidadão deve fazer (diariamente).
Não esqueça de oxigenar seu cérebro!