A quebradeira
De madrugada ela acordava
O trabalho começava cedo, terminava tarde
Raramente tomava o café da manhã
Almoço pronto, filhos dormindo, ela deixava.
Machado amolado, dentro do cofo
A marmita levava arroz e feijão
Raiava o dia, ao longe se via
Indo as Marias com o facão na mão
A rotina era árdua para ganhar o pão.
Muitas vezes feria-se
Um corte no dedo
Lavava de sangue, o pano de enxugar o suor
Habilidosa, continuava o trabalho
Esperava apenas o sangue estancar
Restava ainda muito coco para quebrar.
Lidava com o coco
Um fruto abençoado
Tirava um trocado do trabalho penoso
A fim de comprar o leite pro filho mais novo.
Dia e noite era a mesma luta, hoje,
O ofício ficou para trás, o olhar continua o mesmo
Radiante, diante das lutas corriqueiras
Ainda ama e chama, de amigas, as palmeiras.