A quebradeira

De madrugada ela acordava

O trabalho começava cedo, terminava tarde

Raramente tomava o café da manhã

Almoço pronto, filhos dormindo, ela deixava.

Machado amolado, dentro do cofo

A marmita levava arroz e feijão

Raiava o dia, ao longe se via

Indo as Marias com o facão na mão

A rotina era árdua para ganhar o pão.

Muitas vezes feria-se

Um corte no dedo

Lavava de sangue, o pano de enxugar o suor

Habilidosa, continuava o trabalho

Esperava apenas o sangue estancar

Restava ainda muito coco para quebrar.

Lidava com o coco

Um fruto abençoado

Tirava um trocado do trabalho penoso

A fim de comprar o leite pro filho mais novo.

Dia e noite era a mesma luta, hoje,

O ofício ficou para trás, o olhar continua o mesmo

Radiante, diante das lutas corriqueiras

Ainda ama e chama, de amigas, as palmeiras.

Idenilde Pacheco
Enviado por Idenilde Pacheco em 25/09/2023
Código do texto: T7893850
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