O sentido da vida
Quantas vezes, afinal, foi necessário morrer para entender o sentido da vida
Romper para depois de juntar os cacos ou alguns míseros fragmentos, foi o que aprendi e apreendi
Não sou um ser acabado
Sempre em construção, em constante refinamento
Como se terminar nunca estivesse nos planos
E disso que se trata
Nunca chegar ao final
Nunca ancorar o barco
Estar sempre como se estivesse à deriva
Sempre em direção às possibilidades sem prever ou se precaver
Não é abandonar -se, nem, tampouco, jogar-se no abismo
Mas se permitir novas possibilidades
Levar na bagagem (se possível, nem levar bagagem) apenas o mínimo necessário
Os excessos pesam e limitam os passos
Cortar as cordas da âncora
Não ter porto certo
Isso!
Se deixar ir
Sem promessa e sem compromisso
Um viajante, um eterno estrangeiro
Um ser sempre partindo e chegando
Isso, nesse movimento paradoxal
Em aparente contradição
É nisso que consiste não ancorar o barco
É nisso que está o sentido da vida