guia prático do abandono n.9
antônio era só mato e tamanho
tirava cana pra curumim
e ensinava cachorro a latir pro vento
suas posses eram: duas lamparinas a querosene
um fogareiro de lata e uma ribanceira
todo o resto era de ninguém
antônio tinha devaneios de planta
e morria sempre que pisava em asfalto
tanto é que a semana pra ele
só tinha quinta e domingo
que era dia de aguar raiz até de parente
vivia sem pressa
contando grão de areia e manga que caía
antônio era cheio de um monte de nadas
que até passou gosto pra frente
contou tanta manga que virou jacutinga
diz que hoje voa lá pro rumo de Prado
onde tem piaba boa