Inteiramente
A escolha de um nome
Ao som das primeiras águas
Quase rei cheio de fome
Inteiramente de mágoas
Cada hora que se consome
As mãos mais perto das armas
Com pouca vontade some
E vai perdendo as próprias almas
Cada verso um caminho
Para cada rima um desacerto
Meio homem pequenininho
Inteiramente longe do conserto
Unidos pela pá do moinho
Moídos pelas chuvas de vento
Com medo do redemoinho
Nascido num olhar desatento
Sobre canções e borboletas
O ácido devorando tudo
Fugindo desses planetas
Inteiramente cego e mudo
Esgotar a tinta das canetas
Se matando no papel profundo
Quando tocarem as cornetas
Assistir ao fim do mundo
Depois do tempo ausente
E um espelho temperamental
Reciclar essa mente doente
Inteiramente emocional
Não faz sentido o que sente
Menos ainda não se amar
Ou aprende a não ser gente
Ou, acorrentado, aprende a nadar