Inteiramente

A escolha de um nome

Ao som das primeiras águas

Quase rei cheio de fome

Inteiramente de mágoas

Cada hora que se consome

As mãos mais perto das armas

Com pouca vontade some

E vai perdendo as próprias almas

Cada verso um caminho

Para cada rima um desacerto

Meio homem pequenininho

Inteiramente longe do conserto

Unidos pela pá do moinho

Moídos pelas chuvas de vento

Com medo do redemoinho

Nascido num olhar desatento

Sobre canções e borboletas

O ácido devorando tudo

Fugindo desses planetas

Inteiramente cego e mudo

Esgotar a tinta das canetas

Se matando no papel profundo

Quando tocarem as cornetas

Assistir ao fim do mundo

Depois do tempo ausente

E um espelho temperamental

Reciclar essa mente doente

Inteiramente emocional

Não faz sentido o que sente

Menos ainda não se amar

Ou aprende a não ser gente

Ou, acorrentado, aprende a nadar

João V Zibetti
Enviado por João V Zibetti em 23/09/2023
Código do texto: T7892453
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