Uma Primavera que me sorri

Uma Primavera que me sorri

Forram-se gavetas com as delicadas rendas e transparências

Em mognos com perfumes primaveris de essências

Pétalas de rosas pueris debruadas de lembranças

De cheiros ajardinados com borboletas de esperanças

Abro-as com a lentidão do silêncio que me invade

Como se fosse a primeira vez que as vejo em liberdade

Eu sei que não estou louca apenas lá guardo a nudez da Estação

Por entre a roupa há sempre a suavidade da flor em botão

Não sei se entro ou se ela me vem docemente buscar

Mas inevitavelmente me leva para outro lugar

Uma sensação olfactiva que me cega nos braços de um amor

Escondido por entre os laços impregnados de delírios e suor

E os meus olhos só têm olhos para uma Primavera que me sorri

Nesta cómoda que não fecho ao que ainda não vivi

Luísa Rafael

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Porto, Portugal

Luísa Rafael
Enviado por Luísa Rafael em 22/09/2023
Código do texto: T7891734
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