Uma Primavera que me sorri
Uma Primavera que me sorri
Forram-se gavetas com as delicadas rendas e transparências
Em mognos com perfumes primaveris de essências
Pétalas de rosas pueris debruadas de lembranças
De cheiros ajardinados com borboletas de esperanças
Abro-as com a lentidão do silêncio que me invade
Como se fosse a primeira vez que as vejo em liberdade
Eu sei que não estou louca apenas lá guardo a nudez da Estação
Por entre a roupa há sempre a suavidade da flor em botão
Não sei se entro ou se ela me vem docemente buscar
Mas inevitavelmente me leva para outro lugar
Uma sensação olfactiva que me cega nos braços de um amor
Escondido por entre os laços impregnados de delírios e suor
E os meus olhos só têm olhos para uma Primavera que me sorri
Nesta cómoda que não fecho ao que ainda não vivi
Luísa Rafael
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Porto, Portugal