CORAÇÃO NO CAMARIM
No camarim, o artista espera
O início do espetáculo marcado
A face maquiada, expressiva e bela
lhe garante sorriso congelado
E as cortinas se abrem
Para mais uma apresentação
Os espectadores mal sabem
Da verdadeira condição
Escondida sob a tintura
Sob as falas e gestos de felicidade
Existem marcas, ranhuras
Sequelas da vida, da realidade
Ao camarim o artista retorna
O espelho lhe aguarda sem ilusão
Solitário, rende-se ao choro que entorna
O velho artista, cujo nome é coração