Nós em Bonaire...

 

Nos acomodamos na van, sem vidros.

Rumamos, sacolejando alegres

Pelas estradas da ilha de Bonaire.

Fui apreciando tudo com tal avidez

Céu e mar, por todos os lados, esplendor.

Ah!... aquele oceano de tons verde-água,

Verde-esmeralda, verdes e azuis profundos!

Pela estrada, de formação vulcânica, aridez.

Éramos da Rede Sem Fronteiras,

Viajantes, uns vinte turistas, encantados...

Descíamos de tanto em tanto, vivazes,

Numa praia deserta e magnífica...

Num museu de afrodescendentes...

Num costão com areias alvíssimas...

E então... éramos só vaidades!

Selfies e fotos, imagens pra relembrar.

Sentei-me ao lado da “mag”,

A nossa magnífica escritora

Poetisa e ativista cultural Dinorá.

Queria absorver toda aquela bondade,

Presente nesta mulher atemporal,

Forte, de fala suave e guerreira,

Gigante na sua simplicidade.

Sentada na janela, à direita

Ela observava tudo quietinha,

Enquanto umas silvas espinhentas

Teimavam em adentrar a van

E ferir as mãos da nossa amiga.

Tantas avós trazem n’alma impressas

E na sua vivência a ancestralidade.

Baluartes da construção feminina,

São, de fato, a fortaleza que ampara;

Essas Ísis, Dinorás, Izas e Maritas,

São grandes e mágicas mulheres!

Elas dedicam seu coração aos jovens,

Carregam uma linda singularidade...

E o amor que trazem em seus corações

Parece transbordante, imperecível.

Me aquietei ao lado da grande senhora

E o lindo dia ficou gravado na memória.

 

                                                                      Izabella Pavesi

 

Bonaire, 03.04.2019

 

P.S.: Esta poesia recebeu Menção Honrosa Especial no Concurso da Rede Sem Fronteiras 2023, na categoria Poesias, no evento JUBILEU DE ESTANHO, em Lisboa, em set.2023