“Previsão do tempo”
Meu autor favorito é o tempo
Encontro entre linhas do mesmo
Desconforto pra nortear conceitos
Quebrando o círculo em torno do vício em convicções
No quanto ele inspira enquanto a gente respira
Se dando conta que ele espira a cada suspiro.
Divino é o momento.
Mora no agora a aglomeração de opções
Pra descaso ou descontentamento
Modificando, decodificando, magnificando
Deteriora até a tatuagem que é pra sempre,
O tijolo da instituição, a figura da linguagem
Pixada nos muros da civilização.
Moendo mentiras e verdades, e a paisagem
Junto a tudo que inclui nelas
E o que delas é aparte.
Liquidificando, mistura homogênea
Batendo miolos, lucidez e loucura
Num consenso em pé de conversação
Do conserto anti conservação.
O tempo engole o tempo
Em uma espécie de autofagia.
Ouroboros da história de outro dia
Antecipando-se a condução pelo infinito
Não sobre obediência perante a moral das religiões.
E pensando assim qual postura intelectual deriva
Da submissão ao medo do incompreensível?
Virando ampulheta até que perca a graça
Substituindo a noite pelo dia em desalento
Carregando nas costas carcaças
De tudo que a gente seria
Se não fosse culpa do homem afrontando o tempo,
Na emancipação de todas as vontades condenadas ao degredo.